G 
Passei muitos anos tocando boiada  
                               D 
Morando na estrada desses pantanais 
  
Pelo peso dos anos eu fui dominado 
              C                G 
E pra lida de gado não servia mais  

Na última viagem em tempo de cheia   
             G7               C 
Foi semana e meia dormindo molhado  
                                G 
Meu corpo sentiu o peso do estradão  
              D               G 
A minha profissão ficou no passado  
             D                  G 
São tantos Janeiros que perdi a soma  
                D                  G 
Das tropeadas e domas em cima do arreio  
 G7          C                G 
Até que o cansaço tirou-me de cena  
                 D                   G 
Me afastando da arena dos grandes rodeios 

            G 
Aqui neste rancho de beira da estrada  
                                  D 
Minha vida passada ainda está presente  

E revive comigo nas minhas lembrança 
               C                G 
Tal como uma herança gravada na mente  
                                         
Quando o dia nasce eu vejo lá fora  
              G7                 C 
O romper da aurora trazendo o clarão  
                            G 
E mais uma vez a malvada saudade  
              D7                 G 
O meu peito invade sem ter compaixão  
             D7                G 
Viajando nas asas do meu pensamento  
          D7                    G 
 Revejo momentos de um tempo saudoso  
    G7        C               G 
Nas rodas de prosas com a peonada  
                 D7                 G 
 As histórias contadas no galpão de pouso  

            G 
Vejo meu berrante no canto da sala  
                                D7 
Ao lado da pala as esporas prateadas 

 O meu cochinilho de lã de carneiro  
              C                     G 
Ainda traz o cheiro da poeira da estrada  

A velha "baldrana" toda enfeitada 
               G7                C 
 Eu guardo enrolada num  velho baxeiro 
                                G 
 Também o meu laço de argola de ouro 
             D7                   G 
 A calça de couro e o chapéu pantaneiro 
               D7                 G 
 Os restos de tralha que ainda sobrou  
             D7                 G 
Prova que eu sou um herói da estória  
  G7           C            G 
Enquanto eu podia manejar o laço 
               D                  G 
 Construí nos braços meus dias de glória  

            G 
No mês de Agosto eu arrumava a "traia"  
                          D 
Minha mula baia sabia o caminho  

Ia pra Barretos na Festa do Peão  
              C              G 
Naquele estradão eu seguia sozinho  

Na volta eu trazia um belo troféu  
             G7             C 
Guaiaca e chapéu de palha novinho  
                                  G 
O maior presente que eu sempre ganhava  
              D                    G 
A platéia me dava com aplauso e carinho  
              D                  G 
Quando neste mundo eu fizer a partida 
                   D                   G 
 Vou buscar noutra vida o mais belo troféu  
    G7         C               G 
Que Deus me conceda como recompensa 
           D                G 
Na sua presença o reino do céu