(Era amizade de infância 
Quando eu era piá de estância 
Guri de cuida cavalo 
Eu assobiava uma marca 
Quando cantavam os galos 
Tirei pra mim aquele potro 
Um não vinha sem o outro 
Cortando a vida em astilha 
O resfolego do pingo 
O sono encima da encilha 
Era um abraço a lo largo 
Prá dois loco sem família 
No lombo do meu cavalo 
Tive os mais lindos regalos 
Um dia uma lei da estância 
Mando vende o meu amigo 
Desde então ninguém me vê 
Enforquilhado no estribo) 

          D      C# 
Um dia partiu o pingo 
                      F#m 
Se foi não me lembro quando 
                  C# 
Fiquei banido lá fora 
                     F# 
Era um bandido sem bando 
F#m   E    D        C# 
Eu era um pé sem espora 
                      F#m 
Com a vida me atropelando 

                   E 
Saia e bebia uns vinho 
                  A 
Prá ver a vida voando 
                 C# 
Devia ter um caminho 
                 F#m 
Perdido me procurando 
F#m   E      D        C# 
E não tem nada mais lindo 
                     F#m 
Do que um amigo voltando 

                         E 
(Por isso digo aos meus dias 
                       A 
Que escorrem pelo gargalo 
       D          A         E 
Vou viver com o pé no estribo 
D              E          A 
Quando encontrar meu cavalo) 

(Cismo e proseio solito 
Quando uma gana me puxa 
Uma saudade avoenga 
Me atenta, se faz de bruxa 
Mas só quem teve um cavalo 
Conhece vida gaúcha) 

             D       C#   
A cerca guarda no grampo 
                F#m 
Alguma crina de cola 
                  C# 
Gaúcho não anda a pé 
                F#m 
Se anda não se consola 
F#m   E       D       C# 
Até a lembrança do potro 
                      F#m 
Me deixa um tanto pachola 

                 E 
O potro era da fazenda 
                A 
Reiuno mesmo só eu 
                      C# 
Que passo a vida encilhando 
                     F#m 
Cavalos que não são meus 
F#m   E     D       C# 
E quando ganho um relincho 
                     F#m 
Lhes digo: graças a Deus! 

                         E 
(Por isso digo aos meus dias 
                       A 
Que escorrem pelo gargalo 
       D          A         E 
-Vou viver com o pé no estribo 
D              E          A 
Quando encontrar meu cavalo) 

              D      C# 
O patrão vendeu o potro 
                    F#m 
Como quem apaga um pucho 
                   C# 
Um peão nunca diz nada 
                       F#m 
Sentir saudade já é um luxo 
F#m      E      D     C# 
Anda um cavalo está hora  
                    F#m 
Com saudade de um gaúcho 

                     E 
Me deixem seguir buscando 
                     A 
Por estes campitos ralos 
                     C# 
Dormir encima da encilha 
                       F#m 
Só pra acordar com os galos 
F#m     E      D        C# 
E andar cantando o rio grande 
                      F#m 
Só pra esperar meu cavalo! 

                        E 
(Por isso digo aos meus dias 
                       A 
Que escorrem pelo gargalo 
       D          A         E 
-Vou viver com o pé no estribo 
D              E          A 
Quando encontrar meu cavalo)